quinta-feira, 14 de abril de 2016

ANÁLISE QD: HOMEM ANIMAL DO GRANT MORRISON

"Homem Animal foi um marco na evolução corrente das narrativas gráficas e me considero uma pessoa de sorte, não, direi privilegiada, não, direi abençoada por ter conhecido Grant Morrison nesse momento crucial de sua ilustríssima carreira" E esse é o início da introdução de Homem Animal do Grant Morrison, escrita pelo Grant Morrison.
Quem está familiarizado com o autor, sabe que ele não é dos mais convencionais e quem conhece o ExtraExtra sabe que no fundo temos uma freefall por esse careca escocês.


É difícil falar sobre a fase do Morrison em Homem Animal, porque é aqui que vários conceitos de histórias em quadrinhos surgem, conceitos tão propagados hoje em dia que já nos acostumamos e não achamos mais tão inovadores assim. Estamos tentando fazer a analise lembrando o que essa história -publicada em 1988- fez para contribuir com cenário atual dos quadrinhos, mas é certeza que hora ou outra, alguma coisa vai passar despercebida.
Um dos exemplos mais comuns da contribuição de G. (meu amigo) foi a quebra da Quarta Parede nos quadrinhos. A Quarta Parede é uma parede invisível entre a mídia, que no caso podem ser os quadrinhos, filmes, peças teatrais e o publico. Esse conceito surgiu na Idade Média, eles usavam muito a quebra da Quarta Parede quando apresentavam peças à nobreza, vez ou outra jogando criticas e "dicas" à platéia como uma forma mais light de apontar seus descontentamentos. Atualmente o melhor conceito para definir essa quebra é explicando sobre quando um personagem toma consciência de que seus atos e sua própria existência não são reais, ou notam a existência de um observador.
Existem estudiosos que digam que quebrar a quarta parede é uma referencia à deixar de ser uma pessoa alienada. vemos isso em varias mídias e como começou na Idade Média esta longe de ser novidade, porém, por algum motivo ninguém havia pensado em fazer esse tipo de exploração no mundo dos quadrinhos, bom, ninguém até o Morrison. Esse é um dos motivos do qual essa fase dele foi tão importante pra industria das HQs, por isso sempre vamos usar como parâmetro o "Homem Animal do Grant Morrison". Poderia muito bem ser " O evangelho do coiote", que é o nome da história ou " O Homen Animal de da década de 80" mas com a importância de sua produção, nada mais justo que lembrarmos o nome desse cara.


Todos sabem que Buddy Baker é um personagem tão impar quanto o autor, e para aqueles que não sabem, aqui vai um rápido resumo: Na época, Buddy recebeu seus poderes devido a um experimento não voluntario  feito com ele por seres Extra Terrestres (sim, ele tecnicamente foi o primeiro Inumano). Sua origem ocorreu em 1964, na edição #180 da revista Strange Adventures, o nome da historia foi " I Was The Man With Animal Powers" que significa "Eu Sou o Homem Com Poderes de Animais". Sem contar que ele é o único personagem da editora que se encaixa na família tradicional. Ele, o marido. A esposa e seus dois filhos Cliff e Maxine. Um herói com poderes medíocres , ex ator, desempregado e lutando a eterna batalha pelos direitos dos animais.
O que deveria ser uma minissérie de quatro edições logo virou um run (período tecnicamente longo  longo composto de arcos diferentes e contínuos do mesmo autor) inteiro com 26 edições. Grant queria com isso reformular o  personagem de forma sutil, aos poucos. Ao longo do arco notaríamos mudanças graduais em Buddy. A historia é completamente diferente do que via-se na época, enquanto os quadrinhos tentavam retratar de forma realista e violenta o que significava ser um super herói/vigilante, Homem Animal focava em uma luta há muito tempo já conhecida mas que tinha pouca força na sociedade: os direitos dos animais. Animais que eram usados das formas mais abusivas, às claras, para todos verem e ninguém ligava.
Outro fato importante a se comentar é que logo na 1° edição de encadernados, entre as revistas n° 6 e n° 8 a DC estava passando por uma mega saga chamada "Invasão", onde um grupo de alienígenas decidem sem motivo aparente atacar a Terra. Devido a ter adquirido seus poderes após contatos com extra terrestres, Buddy ficou desorientado por um certo tempo durante essa saga.
A HQ em si faz uma critica sobre como a sociedade usa animais sem pudor algum em nome da clamada "ciência" mesmo que seja pra objetivos supérfluos como teste com maquiagens, industrias de cosméticos, produtos de higienização e beleza; até hoje nós humanos usamos pobres animais pra testar produtos completamente inúteis no cotidiano, pra valores apenas estéticos desequilibramos a vida e o psicológico de um ser que nem se quer tem noção de o porque ter sido escolhido para essas atrocidades. Exageradas e desnecessárias na maioria das vezes.


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