segunda-feira, 4 de abril de 2016

ENTREVISTA COM GRANT MORRISON SOBRE TERRA UM DA MULHER MARAVILHA

O escritor de renome, Grant Morrison (acho que você já nos ouviu falar sobre ele alguma serie de vezes) e o desenhista Yanick Paquette decidiram reinventar a Mulher Maravilha para os novos leitores com o novo título na série Terra Um. Morrison revelou que haverá mais de um volume (assim como Batman e Superman). A história falará da vida da Princesa Amazona, mas aqui ela não deixa a Ilha Paraíso para ir à Guerra ou pelo seu amor a Steve Trevor como de costume em suas HQs de origem, porém ainda usará desses dois fatos para compor a origem de Diana.


Morrison deu uma entrevista ao CBR News falando sobre esse projeto. Ele está previsto para ser lançado no dia 06 de abril. Como escritor, Morrison está muito inteirado do Universo DC já que um de seus maiores projetos foi a saga Multiversidade, onde o autor passou sete anos pesquisando a cronologia da editora para catalogar cada Terra que a DC Comics possui. Morrison já trabalhou em grandes sagas do Homem de Aço e Cavaleiro das Trevas e agora é sua vez de focar na Embaixadora da Paz.

Ele revelou que esse encadernado falará muito sobre os temas verdade e mentira, o que faz muito sentido se pararmos para pensar que a arma principal da heroína é o "Laço da Verdade".


CBR: William Moulton Marston era um homem bastante notável, mas não se vê falar tanto no nome dele quanto no de Jerry Jiegel e Joe Shuester ou Bill Finger e Bob Kane. Quão importante é para a nova história da Mulher Maravilha o seu criador?

Grant Morrison: Eu acho que Marston deveria sim ser mais mencionado, ele criou um componente da Trindade e é tão importante quanto os outros criadores, ele realmente deveria fazer parte desse panteão de grandes criadores de quadrinhos. Acho interessante que enquanto Siegel e Shuster estavam trazendo a influência da imigração durante a Grande Depressão e Finger e Kane estavam trazendo a riqueza, investigação e um fio de sombriedade para os quadrinhos, Marston procurou uma cultura totalmente alternativa.
Superman é rico em ficção científica, Batman se tratava de crimes e mistérios, mas a Mulher Maravilha vinha de raízes do feminismo. Falava de magia e estilos de vida alternativos com ideais alternativos em que a vida de Marston se refletia, era isso que eleu. era. A Mulher Maravilha acompanhou o crescimento da mulher a partir das décadas, vimos sua versão escoteira, vimos sua versão guerreira, ela traduz toda a luta das mulheres na sociedade e o comportamento delas em cada momento seu.

CBR: Falando sobre a história dela, sabemos que uma nova origem muda muitos fatos antes já estabelecidos, mas também existem aqueles inegociáveis. Quais deles irão permanecer e quais iram ser diluídos na história?

GM: O que me interessou foi conflito que pode existir entre os interesses de Diana e sua mãe Hipólita, sobre ela querer ir para o "mundo dos homens". É completamente válido que Hipólita ao invés de concordar com as razões de Diana, decida a questionar. Na origem original, Diana sai da Ilha Paraíso para combater ameaças na Segunda Guerra Mundial, acho que esse objetivo não se aplica mais nos dias de hoje, pois mesmo que saibamos o efeito que isso teve na historia do mundo, não temos noção nenhuma da grandiosidade que realmente foi. Precisava de um motivo tão forte quanto esse para transparecer para os dias de hoje ou escolher outra abordagem.
O que vamos ver é uma jovem princesa que está presa em um mundo que mesmo que pareça ou seja perfeito, ela não quer viver mais. Especialmente quando você lembra do fato de que as Amazonas são imortais, eu não disse que elas não envelhecem, mas são imortais.
Imagino o seu mundo sendo cheio de rituais formais, porque essas mulheres passaram longos períodos adquirindo conhecimento. Muitas dessas guerreiras já viram coisas inimagináveis e Diana também quer ter suas próprias experiências. Esse foi o aspecto que eu escolhi abordar. Fazer uma coisa mais dramática. 
O que eu queria mostrar com essa nova versão é a relação entre Diana e Hipólita, duas mulheres muito fortes se antagonizando por assim dizer, realmente quero abordar isso na historia. Muitas das mulheres que eu conheço tiveram relações parecidas com suas mães, acho interessante fazer esse lado da trama diferente do original, onde elas são completamente solidárias uma com a outra.
O mesmo vai acontecer com Steve Trevor, não quero que Diana se apaixone instantaneamente por ele, parece muito mecânico. Gostaria de ver o romance entre eles ir se desenvolvendo aos poucos, e que isso se torne cada vez mais, mais um motivo para Diana querer sair da ilha.
Mudei também a origem, o ponto inicial de onde ela vem. Agora Diana não é mais nascida do barro. Isso e mais algumas outras coisas.

CBR: Quando Diana chega ao "mundo dos homens" ela fica impressionada com a diferença de culturas, com como os homens são muito mais interessados em provar sua força, em coisas que se pode medir e pesar, coisas materiais. O que impressionaria uma amazona? O que causaria nelas esse efeito de surpresa e excitação?

GM: O que importa para as Amazonas são suas conquistas. Tentei buscar isso do mito inicial. Não é que as Amazonas odeiem os homens, é que elas vêem a busca por esse tipo de poder cunhado em dinheiro como um objetivo banal. Não quero que pensem em Diana apenas como uma Amazona mais forte que um homem, elas são guerreiras com noções de moral que simplesmente as deixam melhores que qualquer um da história. Os soldados não tem chance contra ela, contra o modo de pensar e agir das amazonas. Não só a aptidão física, mas também sua ciência, sua filosofia, sua poesia... Aqui elas terão um ar pseudo elizabetano, muito rico em questões culturais e quase psicodélico.
Também vamos ver personagens clássicas da cronologia da mulher maravilha, como Etta, Candy, Beth... Farei vários diálogos delas divagando sobre como é a vida na Ilha Paraíso




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