segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Análise QD: SHAZAM - Com uma palavra mágica...

Hoje, vamos falar de um compilado lançado recentemente pela Panini, essa história foi originalmente publicada em Liga da Justiça #7-11, #0, #14-16, #18-21 em 2013. Escrito por Geoff Johns, com a arte de Garry Frank: SHAZAM!


      Johns começa a história com algo comum em todas as origens desse personagem, falando sobre a perda dos pais de Billy Batson e sua busca por uma nova família, porém, o escritor decide abordar um jeito diferente de expressar o temperamento do garoto. É conhecido que em algumas versões Billy se encontra em um orfanato, e em outras ele simplesmente vive sozinho pelas ruas de Fawcett City, e eu não sei vocês, mas sempre me pareceu estranho que um garoto tão doce e sonhador tenha tanta dificuldade de encontrar e se manter em um lar. E é essa a discrepância que Johns explora.
   Sabemos que o Capitão Marvel, como era inicialmente chamado, surgiu na década de 40. O personagem teve seu caráter e modelo baseados no maior super herói da DC Comics até então, Superman; entretanto haviam algumas diferenças óbvias como o uso da magia e o alter ego infantil.
    Após anos de brigas entre as editoras DC e Fawcett Comics, mesmo tendo essa a ganhado, a editora veio a falir devido a muito do seu lucro ter sido usado para arcar com as despesas dessa batalha. Os executivos da DC não se contentando em serem o pivô que levou à destruição da editora, também decidiram que iriam comprar a maioria de seus personagens, e foi desse jeito que eles adquiriram os direitos do agora SHAZAM.
    Para adequar este personagem à sua editora a DC decidiu continuar impondo limites no crescimento do personagem de forma que o público consiga diferenciar facilmente o Shazam do carro chefe da DC, por isso mantiveram a personalidade de Billy Batson/Shazam ainda dentro dos valores dos anos 40, bom, até 2013 quando Geoff Johns decide transportar sua origem para o que seria a sociedade atual.


         Ele retrata o personagem como uma criança revoltada pelo desaparecimento de seus pais. Este Billy é um jovem problemático de 15 anos que acredita poder se virar sozinho e não precisar da ajuda de ninguém.
       De background vemos um casal de órfãos que decidiram fazer o melhor possível da vida de crianças que tiveram o mesmo infortúnio que eles, essa família decide adotar várias crianças e os dar a oportunidade de crescer em um lar cheio de amor. Sabemos que em "Ponto de Ignição" as crianças Shazam constituíam o Capitão Marvel, seis crianças formando um Super Herói, uma clara referencia ao Capitão Planeta, entretanto aqui as coisas se divergem um pouco. Claro que ainda há seis crianças e eventualmente na história todas são envoltas pela magia do relâmpago, cada um usando dos poderes dos deuses de suas letras, mas ao final Billy retém os poderes para sí.
Salomão, sabedoria; 
Hércules, força; 
Atlas, invulnerabilidade; 
Zeus, magia; 
Aquiles, coragem e 
Mercúrio velocidade/capacidade de voar.

       Billy conhece a sociedade e as maldades que as pessoas possuem dentro de sí, apesar de tentar sempre fazer o bem -do seu próprio jeito, claro- para os outros, as pessoas sempre o usaram para se beneficiar de sua ingenuidade, e é com esse pensamento que o garoto se defende agressivamente do mundo.
       Ao mesmo tempo, vemos na trama Dr. Silvana, mas não da forma como o conhecemos, aqui ele esta sendo representado como um cientista relativamente jovem que está desacreditado na ciência devido a frustrações de não conseguir salvar sua família de uma determinada doença. Ele decide então apelar para a magia. Vemos a verdadeira ganância de Silvana e o que ele se torna capaz de fazer para tingir seus objetivos, independente de quais sejam eles. Também nos é mostrado o preço a se pagar por entrar em contato com o mundo mágico quando o seu corpo e sua mente não foram habilitados para isso, o que expande o conceito de magia no universo DC. 
      Toda essa exploração e regras da magia nos remetem bastante aos "Livros da Magia" de Gaiman, que, acreditamos ter sido uma referência para a criação desse conceito na revista: se a magia está em você, então ela é seu destino e uma vez dentro da magia, você não poderá mais sair.

     O que chama atenção nesse arco é a busca do Mago Shazam pelo substituto do relâmpago. Durante  as eras sempre foi procurado para receber a magia uma pessoa pura e perfeita, devido a isso, o Mago já se encontra física e psicologicamente exausto de procurar por essa pessoa que parece impossível de se achar. Até que ele conhece Billy,  um ladrãozinho mentiroso que não mede esforços para se dar bem. O que seria uma recusa imediata se pensarmos nos ideais de pureza e perfeição, mas este foi o jovem escolhido para se tornar seu sucessor.
      Billy explica ao Mago que essa pessoa que ele idealiza não existe no mundo atual, que a sociedade maligna e corrupta engole essas pessoas e mastiga até não sobrar nada, que o mundo não é mais preto e branco, e sim cinza.  As pessoas não são de todo o mau e nem de todo o bom e que se o Mago continuasse a insistir nisso, então ele jamais acharia alguém para o ajudar.



Nota:

Fuck yeah!
Awesome!
Nice.
OK.
Tem que benzer.

E por isso a nota de SHAZAM! Com uma palavra mágica... é...



AWESOME!


   Apesar de curta, a história nos mostra a família relâmpago de uma forma plausível no DCU atualmente, mostra Dr. Silvana de seu auge ao declínio e tira a noção de avatar do mal que Adão Negro carrega há anos.
    Analisando o roteirista podemos dizer que Johns trabalha muito bem com origens e que com certeza o potencial de suas histórias aumenta quando as vemos no traço de Gary Frank. Johns se sobressai escrevendo sobre super poderosos e grandes sagas.

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